segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Autoaceitação - Em frente ao espelho



Marise Jalowitzki


Sem julgamentos, sem autocrítica, quem você vê?


Olhar-se no espelho: este é um exercício poderoso, pois exige honestidade, uma tentativa forte de enxergar quem realmente se é, de uma maneira autêntica, o que quase nunca é fácil.

Somos criados ouvindo do entorno considerações constantes sobre como nos enxergam:
 - "ele sempre foi assim", 
- "ela é assim desde pequena", 
- "sempre foi desse jeito" 
- "não adianta falar"
- "nem te gasta, pois não adianta".... soa familiar?
e, infelizmente, tais considerações geralmente levam a pejoras. E "colam".

Não é fácil olhar além deste perfil "colado" há tempos. Quando chega a puberdade, há uma revolta natural ao que é dito. E os pais costumam dizer: "não reconheço mais meu filho (ou filha". 

Por vezes este processo já inicia bem mais cedo. Há crianças que desde tenra idade se revoltam, fazem birra, gritam, se atiram no chão. O mais sensato seria os pais se debruçarem sobre as causas, tentar descobrir os motivos que levam à revolta. Motivos que podem ser emocionais (carece de terapia psicológica) e-ou fisiológicos (cabe verificar qualidade da alimentação, do sono, audição e visão). 

Mas não é o que geralmente acontece. O caminho escolhido pelos genitores costuma ser ou o castigo (privar do que gosta, pra aprender quem é que manda) ou  'levar ao médico' e receber psicotrópicos. 

Assustadoramente, parece que os pais ficam mais sossegados quando recebem um diagnóstico (geralmente apressado, logo na primeira consulta e sem nenhuma avaliação adicional) de que a criança tem um "transtorno mental". Sim, pois aí não é com eles. A causa está no pequeno, provavelmente é "genética". 

Inicia-se o processo medicamentoso. Medicação controlada, drogas psiquiátricas, que costumam apresentar um quadro de melhora no início, mas que, com o tempo, faz voltar tudo ao que era... e com mais acréscimos, as chamadas comorbidades, que eclodem justamente por conta dos medicamentos tomados...

Fazendo o agora

Sem desmerecer o que você já trilhou até aqui, tente realizar este exercício de autoenfrentamento. Enfrentamento não no sentido de se contrapor, e, sim, no sentido de se autoaceitar. 

Reconheça seus pensamentos e sentimentos de uma forma tranquila, só sua.  

Uma sugestão que comento sempre é ficar em pé, frente a um espelho, mirando-se olho-a-olho, em observação sincera. Sem artifícios, sem caras e bocas, sem maquiagem, sem enfeites. 
Tenha ao lado um papel e lápis-caneta.

Tente olhar profundamente dentro de seus olhos e busque lá no fundo o real sentimento que você tinha em determinada situação em que foi muito criticado. Qual a SUA avaliação sobre o real motivo que o impulsionou? E como você se sentiu?

Por exemplo, aquela bonequinha de sua irmã que você quebrou quando tinha 3 anos de idade, você quebrou por 'maldade pura' ou foi acidente? Independente do resultado de sua avaliação, você consegue se perdoar?

O que percebo? Que lembranças, emoções?

Aquilo que aflorar, vá anotando.
Sentimentos bons, sentimentos negativos, sentimentos diferentes.
Pessoas e situações.
Sinta que efeito estes sentimentos provocam.

Pratique durante o tempo que conseguir, sem se esforçar (não mais de 30 min), vários dias. E vá refletindo, sem julgamentos, sobre o que significam para você, qual o poder que cada fato-lembrança-pessoa tem.

Importante destacar aqueles que julgar mais relevantes (pode circular ou o sinal que mais  aprouver) e, ao final de uma semana, saliente quais os fatos-lembranças-pessoas são mais recorrentes. E qual a intensidade com que aparecem dia após dia.

Em meus exercícios, já houve momentos em que certos pensamentos recorrentes até me cansaram ao vê-los novamente ali. Comecei a dar menos poder a eles. O que em si já é um abrandamento psicoemocional.

Ao final de cada exercício, olhe-se novamente no espelho, sorria para si mesmo e diga: Te amo! Sei que não sou perfeito, mas sou um cara legal! Avante!


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